Datafolha: entregadores revelam modelo preferido de trabalho

Possibilidade de trabalhar com autonomia é a motivação da maioria das pessoas que participaram da pesquisa

Ganhar dinheiro para realizar seus projetos de vida (ou de familiares) em um trabalho flexível, com autonomia para definir quando e onde trabalhar são os maiores motivos que levam brasileiros e brasileiras a realizar entregas por meio de aplicativos.

Esse é um dos dados revelados pela pesquisa “Futuro do Trabalho por Aplicativo”, realizada pelo Datafolha a pedido do iFood e da Uber. O levantamento ouviu 1.000 entregadores e 1.800 motoristas ativos nas duas plataformas entre janeiro e março de 2023.

Quando perguntados sobre por que realizam entregas, os participantes da pesquisa listaram como motivos importantes ou muito importantes a flexibilidade e a autonomia (90%) e a possibilidade de ganhar dinheiro para realizar projetos como fazer faculdade, comprar uma casa ou bancar a faculdade dos filhos (91%).

“A flexibilidade atrai tanto quem busca uma renda extra como quem trabalha com o delivery como sua ocupação principal, mas quer encaixar isso no seu ritmo de vida e tem outras atividades, como estudar, afirma Debora Gershon, head de políticas públicas do iFood. 

Outros 85% apontaram também a necessidade de ganhar uma renda extra por considerar que o que recebem por mês em outra atividade não é suficiente.

Para os entregadores, trabalhar com aplicativos é uma oportunidade de ter uma renda extra (resposta de 74% dos participantes da pesquisa) e de poder definir os horários e locais de trabalho (70%). Mais da metade (57%) apontou também que é uma maneira de ter acesso fácil ao trabalho.

Entregadores querem ser CLT?

Quando perguntados sobre a situação de trabalho, 77% dos entregadores disseram que preferem manter o modelo atual, no qual têm autonomia para escolher horários (mas sem acesso aos benefícios trabalhistas previstos na CLT para empregados).

Outro dado da pesquisa mostra que 87% acham que é necessário garantir certos direitos e benefícios, desde que isso não interfira na flexibilidade (ou seja, que possam continuar trabalhando quando, como e com qual plataforma quiserem). “As pessoas querem liberdade absoluta para administrar o seu tempo. Este deve ser um ponto de partida para discutir melhorias na relação”, diz Debora.

O Datafolha também colocou em questão o trabalho intermitente, que é uma modalidade de contrato de trabalho com carteira assinada (CLT) que facilita a prestação de serviços de forma não constante. 

Nesse caso, os trabalhadores têm vínculo de emprego com a empresa mesmo que não sejam convocados para o trabalho em alguns dias ou horários. Na pesquisa, 66% dos entregadores responderam que esse modelo não se adequa a suas necessidades.

“O trabalho intermitente é flexível, mas não dá aos trabalhadores a liberdade de aceitar ou recusar o trabalho a qualquer momento”, completa Debora. “O empregador precisa ser avisado da recusa com antecedência.”

Por fim, 83% disseram que querem continuar trabalhando com aplicativos de entrega. “Esse dado apoia os demais da pesquisa, que indicam que esse modelo de trabalho vem contemplando as necessidades desses trabalhadores. Sua luta é por mais proteção social, e não por mudança na relação com as plataformas digitais”, diz Debora.

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