Dia Mundial do Vegetarianismo: um panorama do mercado atual

O vegetarianismo, muito além de uma dieta sem carne, é também tendência e movimenta o mercado. Atualmente, estima-se que cerca de 30 milhões de brasileiros sejam vegetarianos.

Celebrado em 1 de outubro, o Dia Mundial do Vegetarianismo lança luz, atualmente, não somente para uma causa. Dados do mercado apontam que aderir a dietas sem carne é uma tendência, com número de adeptos que cresce cada vez mais. Estima-se que cerca de 30 milhões de brasileiros sejam vegetarianos: o levantamento, feito pelo Ibope em 2018, indica um crescimento de 75% em relação a 2012, quando aproximadamente 8% da população se declarou adepta do vegetarianismo.

“Em 2017, 63% dos brasileiros já queriam reduzir o consumo de carne. Saber que quase metade da população já o faz, pelo menos uma vez por semana, destaca o crescimento no número de simpatizantes”, comentou Mônica Buava, Diretora Executiva da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), em relação à pesquisa Ipec 2021, que aponta que 46% dos brasileiros já deixam de comer carne, por livre e espontânea vontade, pelo menos uma vez na semana.

“Aqui no Brasil, há uma tendência ao aumento contínuo no número de restaurantes vegetarianos ou que oferecem opções a este público. E o acesso a eles é democrático, é possível encontrar restaurantes com PF (Prato Feito) a R$10”, comentou.

FotoMônica Buava, Diretora Executiva da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB)


No restaurante Capitania, localizado em Olinda, Pernambuco, o cardápio vegetariano e vegano é uma prioridade. “O Capitania surgiu em 2008 e, há quatro anos, começamos a trazer opções vegetarianas e veganas para o cardápio. O primeiro prato deste tipo que inserimos foi o mangará, que fez muito sucesso. Hoje, temos um leque de opções. Inclusive, estou planejando implementar uma linha de congelados veganos para atender à alta demanda”, explicou a chef Alice Elihimas.

Foto: Chef Alice Elihimas 


Na esteira da tendência, surgem também novos mercados e oportunidades. A carne vegetal, por exemplo, deve movimentar cerca de US$ 5,8 bilhões em 2022, segundo estudo da Grand View Research. Em 2019, o faturamento total do setor foi de US$ 939 milhões (Good Food Institute e Plant Based Food Association).

No Brasil, o consumo de alimentos saudáveis vem crescendo nos últimos anos. É o que confirma um estudo da Euromonitor: o país é o quarto maior mercado do mundo, com um setor que movimenta US$ 35 bilhões por ano. No iFood, um termômetro dos hábitos de alimentação pelo país, os resultados apontam para a mesma direção: de janeiro a agosto de 2021, o app registrou um aumento de 40% em pedidos vegetarianos, em relação ao ano passado. Segundo a foodtech, foram mais de 700 mil pedidos no período.

No entanto, optar por um estilo de vida vegetariano vai muito além do que se coloca no prato. Para Victor Sanches, professor de Yoga e criador do perfil RotaVEG, a escolha reflete um estilo de vida. “Eu sou vegano há 7 anos e comecei a praticar o vegetarianismo aos 20. Foi através da prática de Yoga que pude conhecer este universo. Para mim, faz muito sentido, pois representa uma forma de proteger os animais e o meio ambiente”, explicou.

“É importante entender o que representa essa escolha. Pensar que mudar é uma atitude que começa no indivíduo, mas impacta no coletivo, ajuda bastante. É um bem que a pessoa fará a ela mesma, a sua saúde, aos animais e ao meio ambiente, impactando em questões como desmatamento e desperdício de água.”

Foto: Victor Sanches, Professor de Yoga e criador do perfil RotaVEG

No que consiste uma alimentação vegetariana?

iFood News conversou com a nutricionista Natália Alcântara, especialista em nutrição vegetariana, para esclarecer dúvidas e desmistificar o tema.

iFN: Muito se fala sobre a carne como proteína fundamental. Ela é mesmo necessária?

NA: O consumo da carne é algo muito cultural e social, mas não é fisiológico. Ou seja, não é indispensável à saúde humana. É nas leguminosas que podemos encontrar nossa maior fonte de proteína vegetal, como no feijão, ervilha e lentilha, por exemplo.

IFN: Para ser vegetariano, precisa gastar muito?

NA: Não, podemos partir do princípio que todos os alimentos são mais baratos do que a carne, hoje em dia. A carne está no topo da lista dos brasileiros, quando se trata de gastos na alimentação. Uma dieta baseada em vegetais não é cara e ainda oferece uma infinidade de possibilidades e combinações. Esta opção de alimentação apenas se torna cara quando a pessoa implementa itens prontos, como laticínios veganos, por exemplo; mas estes não são essenciais para uma alimentação saudável.

IFN: Como a pessoa vegetariana resolve a necessidade de vitamina B12?

NA: Não existe nenhuma fonte de B12 de origem vegetal, e, por isso, em algum momento o vegetariano ou vegano irá precisar desta implementação, que pode ser feita a partir de suplementação e acompanhamento médico. É importante ressaltar que mesmo o indivíduo onívoro (que consome carne) e o ovo-lacto vegetariano podem ter necessidade de B12 no organismo e recorrer ao suplemento.

IFN: Qual a diferença entre uma pessoa ser vegetariana estrita e uma ovo-lacto vegetariana?

NA: O vegetariano estrito tem uma alimentação livre de qualquer derivado de origem animal. Já o ovo-lacto vegetariano pode consumir ovos, leite e derivados e mel.

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