Expansão para mercados e benefícios marca o ano do iFood

Diego Barreto, vice-presidente de estratégia e finanças do iFood, fala sobre os movimentos da empresa em 2022 e as novidades para 2023

Em 2022, o iFood fez alguns movimentos estratégicos importantes. Além de investir na melhoria da operação com entregas de restaurantes, a empresa consolidou sua posição no delivery de itens de supermercado e passou a explorar uma nova frente, a de benefícios (como vale-alimentação e vale-refeição).

Além disso, no segundo semestre o negócio passou a ter um só acionista: a Movile, investidora brasileira fundada por Fabricio Bloisi, presidente do iFood. Em agosto, a Movile adquiriu as ações da Just Eat e ficou com 100% de participação na empresa.

Para fazer uma retrospectiva dos principais investimentos da empresa em 2022, o iFood News conversou com Diego Barreto, vice-presidente de estratégia e finanças do iFood. Ele revela quais foram as prioridades, os resultados e fala sobre as perspectivas para 2023 —confira a seguir.

iFN – Quais foram os três maiores destaques nos investimentos e nas estratégias do iFood em 2022?

Diego – O ano de 2022 foi marcado por uma contínua expansão do iFood e pela consolidação da nossa presença em supermercados

Diferentemente da maioria dos negócios de internet, que sofreram muito no pós-pandemia, continuamos crescendo. Houve aumento do número de clientes e de frequência de compras, especialmente em supermercados.

Outro destaque foi, sem dúvida, o iFood Benefícios, que une o vale-refeição e o vale-alimentação, entre outros benefícios, em um cartão só e tem atingido cada vez mais brasileiros.

E mais um momento marcante foi a consolidação da aquisição do iFood pela Movile. O ano de 2022 marcou o maior investimento feito no Brasil e na América Latina, mesmo em um momento tão tenso no mundo. Foi um investimento de 1,5 bilhão de euros que a Movile fez, passando a ser a detentora de 100% do iFood.

iFN – De que forma ter o controle total da operação influencia a estratégia de negócios e de investimentos da empresa?

Diego – Não muda muito a estratégia porque a Movile já era controladora do iFood e detinha o poder de decisão. 

O que muda é que a governança fica mais fluida, mais rápida, mais simples. Então o iFood fica ainda mais ágil nos aspectos que envolvem os acionistas e a empresa.

iFN – Outro movimento importante foi a saída da Colômbia. O que isso representa para a estratégia do iFood no Brasil?

Diego – A decisão de sair do México há dois anos e agora da Colômbia está ligada a um desdobramento estratégico no Brasil. Quando começamos um negócio que era focado em restaurantes, focamos em ter uma operação muito boa.

O iFood só tomou a decisão de ir para o setor de mercado em um segundo momento, quando atingimos o patamar de uma operação reconhecidamente muito boa. Quando migramos para supermercados, fomos positivamente impactados por uma série de oportunidades que começamos a explorar, como pet, farmácia e bebidas, entre outros.

Nesse momento, em que o mundo está aumentando as exigências para fazer investimentos, nós nos perguntamos se valia a pena investir nessas verticais ou no nosso negócio histórico, mas fora do Brasil.

A resposta foi: dados o tamanho do Brasil, a base de clientes do iFood, a logística que já temos, será muito mais fácil conseguir bons resultados nessas novas verticais do que começar em outros países. Então tomamos a decisão de sair do México e da Colômbia para concentrar 100% dos esforços no Brasil.

iFN – O ano de 2022 foi bastante desafiador para empresas de tecnologia no mundo todo. Qual foi a estratégia do iFood para superar esse cenário e avançar?

Diego – No momento em que o mundo começou a fazer um arrocho mais pesado no primeiro trimestre de 2022, o iFood já havia se adiantado. Em setembro de 2021, começamos a enxergar um reposicionamento do capital no mundo.

Então, em vez de fazer um movimento muito brusco em 2022, em setembro de 2021 nós subimos a régua das exigências que temos para fazer investimentos. Assim, nós ficamos muito mais chatos para aprovar novos investimentos. 

O resultado disso é que, enquanto o mundo teve que fazer esse aperto, o iFood manteve o ritmo de investimentos de 2021, sem alterar seus planos. 

iFN – Os objetivos estratégicos da empresa foram atingidos em 2022?

Diego – Um grande objetivo de 2022 era melhorar a vida dos entregadores em todos os sentidos. A gente fez um bom trabalho, mas esse não é um trabalho que se encerra em um ano porque há muitas questões complexas envolvidas.

O trabalho continua em 2023, mas estamos felizes com avanços como a oferta de seguro em caso de acidente, o auxílio-maternidade, os ganhos mínimos.

O segundo objetivo do ano era manter um bom nível de vendas para os restaurantes. Existia aquele medo de que no pós-pandemia a demanda online fosse cair. Isso aconteceu em vários setores da economia, mas não no iFood, que vem batendo recordes de vendas nos últimos meses.

Além disso, outro objetivo era a expansão de uma oferta muito poderosa: a do supermercado. Começamos o ano fazendo a expansão geográfica, trazendo 100% das redes relevantes de supermercados para dentro, e agora concluímos essa expansão.

Hoje o iFood está presente em mais de mil supermercados em centenas de cidades. Nossa atuação com mercados cresce mês a mês. Para terminar, tem o iFood Benefícios e a nossa meta de posicionar o nosso produto entre os principais do Brasil. 

iFN – Em 2022 o iFood avançou não só no food delivery mas também na entrega de compras de mercado, na oferta de benefícios e no campo de fintech. Como será em 2023?

Diego – O ano de 2022 foi o momento de consolidação da posição de supermercados, uma área recente, que foi criada em 2020. Em 2023, a grande expansão dessa frente será para o modelo de atacarejo. 

Queremos trazer essa experiência para que, em um momento de inflação alta, exista uma oferta mais barata. O atacarejo traz essa proposta de valor.

No iFood Benefícios, em 2022 partimos de um produto em construção e chegamos ao final do ano com um ótimo produto, com ótima avaliação das empresas e das pessoas físicas.

Já oferecemos vale-alimentação e vale-refeição e agora vamos para outros benefícios, como estudo e transporte. Em 2023, o iFood Benefícios tem tudo para ser extremamente relevante.

Focamos em trabalhar muito bem para entrar em 2023 com um produto ótimo. Assim, quando chegarem as mudanças regulatórias em maio, poderemos concretizar o que a gente queria inicialmente: posicionar esse produto como o melhor do Brasil.

iFN – A economia mundial ainda vai viver um cenário desafiador em 2023. Nesse contexto, qual é a importância da inovação para seguir avançando?

Diego – É enorme. Em momentos como esse é preciso encontrar substituições, formas diferentes de manter determinados consumidores na sua plataforma. 

Pensa em um consumidor que precisa ir para um produto mais barato porque a inflação está alta. Precisamos ter um atacarejo e fazer a experiência funcionar para que ele continue usando a plataforma para poder acessar o que ele precisa.

A inovação é que vai abrir caminhos diferentes para enfrentar os desafios. Inovar é crucial. Caso contrário, o crescimento desaparece e a sua proposta de valor vai junto.

iFN – Quais serão as prioridades estratégicas para o iFood em 2023? 

Diego – A grande prioridade estratégica para 2023 são os entregadores. É nessa prioridade que estamos colocando tempo, desenvolvimento de produto, dinheiro, diálogo. 

A discussão da regulação do trabalho, a melhora da experiência do entregador, a proximidade no diálogo, entre outras coisas relacionadas aos entregadores são as grandes prioridades para 2023.

Adoraria ver a sociedade aprovando uma regulação que respeita a flexibilidade que o entregador quer e traz uma proteção social mínima para gerar dignidade. Estou otimista, tem espaço para diálogo e construção.

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