Gerando Falcões transforma pobreza em potência nas favelas 

Saiba como essa ONG parceira do iFood tece redes que já impactaram 700 mil pessoas em 6.000 favelas brasileiras

Em seus rasantes pelo ar, o falcão se torna o animal mais veloz sobre a Terra. Agilidade semelhante é demandada para modificar estruturas sociais e combater a pobreza. Dessa forma, podemos dizer que as transformações alcançadas pela Gerando Falcões, ONG parceira do iFood, justificam o seu nome.

Desde que foi fundada, em 2011, pelo empreendedor social Edu Lyra, a organização já impactou mais de 700 mil pessoas em cerca de 6.000 favelas brasileiras. “Nosso foco são iniciativas capazes de gerar resultados de longo prazo”, diz Edu.

Para cumprir seus propósitos, a ONG mergulha em várias frentes simultâneas. Prova disso é um de seus projetos mais representativos, o Favela 3D (Digna, Digital e Desenvolvida), cujas ações reúnem todos os setores da sociedade: poder público, comunidade local, empresas, universidades e organizações do terceiro setor.

Essa soma de forças é direcionada para erradicar a pobreza nos territórios em que a Gerando Falcões atua. E a estratégia de ataque se caracteriza por um trabalho com base em uma mandala de impacto social, na definição do próprio Edu.

As ações do projeto Favela 3D

A mandala de impacto social é uma abordagem que contempla oito pilares considerados temas fundamentais para o desenvolvimento local: moradia digna, acesso à saúde, cidadania e cultura de paz, direito à educação, primeira infância, meio ambiente, cultura, esporte e lazer e geração de renda.

O Favela 3D já foi implementado em quatro comunidades: Favela Marte, em São José do Rio Preto (SP); Favela dos Sonhos, em Ferraz de Vasconcelos (SP); Pedra Lisa, na zona do Morro da Providência (RJ); e Vergel do Lago, em Maceió (AL).

Quadra para as crianças construída em Ferraz de Vasconcelos

O projeto envolve uma série de ações em cada território. A Favela Marte, por exemplo, está sendo toda reconstruída, com casas desenhadas pela própria comunidade e que devem ficar prontas em novembro de 2023.

Enquanto esperam pelas novas moradias em lares transitórios, as 239 famílias do local recebem acompanhamento individualizado para garantir geração de renda e desenvolvimento social.

Esse suporte, que envolve apoio e planejamento familiar de acordo com necessidades específicas, é realizado por equipes multidisciplinares e compõe outro programa criado pela Gerando Falcões: o Decolagem.

Na Favela dos Sonhos, em Ferraz de Vasconcelos, uma equipe de 12 pessoas da ONG atende 164 famílias com soluções de moradia digna, desenvolvimento social e geração de renda.

Ali, as intervenções da Gerando Falcões incluem melhorias urbanísticas dos espaços públicos. Cerca de 90% da favela foram pavimentados. Também foram criados espaços de encontro e lazer, além de 16 painéis de artistas contando a história da comunidade.

Rede contra o desemprego

Em 2022, a ONG conseguiu baixar o índice de desemprego na Favela dos Sonhos de 72% para 3,5%, com a inclusão de 170 pessoas no mercado de trabalho. Além disso, 215 moradores foram capacitados em cursos de qualificação.

Para promover a empregabilidade, a Gerando Falcões faz articulações com parceiros, empresas e consultorias de recursos humanos.

Uma das oficinas promovidas pela ONG nas favelas

Na Favela Marte, em São José do Rio Preto, 88 pessoas conseguiram novos trabalhos em uma iniciativa conjunta com a holding de impacto social Valquírias World. Outros 31 moradores seguiram a trilha do empreendedorismo.

Por sua vez, no território de Pedra Lisa, no Morro da Providência, no Rio, o Programa Decolagem já atende 62 famílias, número que deve chegar a 200 ainda em 2023. A ONG planeja disponibilizar para a comunidade cursos de alfabetização, empreendedorismo, trilhas de capacitação e cidadania digital.

Em Vergel do Lago, na cidade de Maceió, o Decolagem auxilia 206 famílias, 176 das quais se mudaram para novas habitações.

Na região, o projeto tem investido na capacitação para geração de renda com cursos de empreendedorismo, oficinas de vida financeira, alfabetização de adultos e ensinos básicos de matemática.

Criando novos líderes sociais

A educação, por sinal, é um dos eixos condutores das iniciativas da Gerando Falcões. A ONG também possui uma aceleradora de talentos com iniciativas de inovação e tecnologia, a Falcons University.

Seu objetivo é desenvolver, além de crianças e jovens, educadores e líderes sociais que desejam expandir e melhorar as estruturas de suas ONGs, constituindo assim um ecossistema de lideranças de impacto positivo.

As jornadas de aprendizagem da Falcons University passam por temas como gestão, captação, inovação, recursos humanos, uso de dados, finanças, comunicação, autoconhecimento e autonomia.

Em duas unidades próprias, localizadas em Poá e Ferraz de Vasconcelos, a Gerando Falcões oferece oficinas de cultura e esporte para crianças.

A ONG também usa essas unidades como laboratórios de inovação para testar novos projetos, iniciativas, metodologias e ferramentas.

Fontes de renda

Outro importante foco de atuação do Gerando Falcões é o bazar da ONG. “Decidimos apostar em economia circular criando um varejo social”, afirma Edu. “É um negócio de impacto social que dá acesso a bens de consumo para a população de baixa renda, até 80% mais baratos que no mercado tradicional.”

Todo o resultado de vendas do bazar é reinvestido em programas de transformação nas periferias e favelas. Somente em 2022, a comercialização de 1,5 milhão de itens se transformou em um lucro líquido de R$ 810 mil, destinados para as ações da ONG.

O negócio conta com pontos presenciais, em Poá, Suzano e São Paulo, e também com uma loja online.

Entre as fontes de receita da Gerando Falcões, uma das mais importantes são as doações pelo app do iFood, segundo Edu. “Recebemos mais de R$ 460 mil apenas em 2022, valor destinado para projetos de cidadania, educação e desenvolvimento econômico”, afirma. “Esperamos que em 2023 a parceria se fortaleça ainda mais.”

Afinal, na visão da Gerando Falcões, a eliminação da pobreza só é viável com a união de esforços – “do poder público, sociedade civil e empresariado”, enumera Edu.

“É um problema de todos, e não há outra forma de superá-lo a não ser derrubando muros e unificando experiência, conhecimento e a capacidade dos brasileiros que vivem nas favelas com as expertises de todos os setores”, diz.

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