Proteger a camada de ozônio tem a ver com aquecimento global?

Ação dos países para evitar um buraco nessa camada protetora mostra que é possível reverter danos climáticos

Já houve um tempo em que desodorantes em spray e geladeiras eram considerados perigosos para o clima. O que eles têm em comum é o CFC (clorofluorcarboneto), um composto usado em aerossóis e gases de refrigeração —e que tinha potencial destrutivo da camada de ozônio, que protege a Terra da ação dos raios ultravioleta. 

Desde os anos 1970, cientistas já sabem que o CFC e gases como cloro e bromo aumentam o buraco na camada de ozônio localizada acima da Antártida. Para resolver a questão, em 16 de setembro de 1987 foi assinado um acordo internacional —o Protocolo de Montreal, depois ratificado por 197 países— para eliminar a produção e o consumo das substâncias que destroem essa camada. Por isso, a data foi escolhida pela ONU (Organização das Nações Unidas) para ser o Dia Internacional da Preservação da Camada de Ozônio.

Graças às medidas tomadas pelos países, hoje temos um desafio ambiental a menos a enfrentar, porque os níveis de CFC na atmosfera caíram. Com esse controle da produção de substâncias nocivas, a camada de ozônio estratosférica está se recuperando, evitando o aumento da radiação ultravioleta superficial, aponta um estudo publicado na Nature.

Pensando no clima, essa notícia é boa, mas o buraco na camada de ozônio e o aquecimento global não são a mesma coisa —nem a causa principal do outro.

O que o ozônio tem a ver com as mudanças climáticas?

O aquecimento global (aumento da temperatura média da superfície da Terra) é causado principalmente pelo acúmulo de gases de efeito estufa, como dióxido de carbono e metano, que retêm o calor nos níveis mais baixos da atmosfera.

Segundo a Nasa, esse fenômeno se conecta com o buraco na camada de ozônio porque os CFCs que destroem o ozônio também são gases de efeito estufa. A diferença é que os CFCs hoje estão presentes em concentrações muito pequenas, por isso são considerados agentes menos importantes do que o CO2 e o metano nesse quesito. Controlar o buraco na Antártida é importante até hoje porque a perda de ozônio significa que um pouco mais de calor pode escapar para o espaço dessa região.

O Protocolo de Montreal, porém, acaba beneficiando o combate às mudanças climáticas, pois evitar o aumento da radiação ultravioleta ajuda as plantas a armazenar mais carbono por meio da fotossíntese e, assim, evita que ele vá para a atmosfera, piorando o aquecimento global, aponta o estudo da Nature. Sem o acordo, a temperatura da Terra poderia ter sido elevada em cerca de 0,5 a 1 grau Celsius. 

Como seria o mundo sem a proteção da camada de ozônio?

Estudos mostraram que, sem essa proteção contra raios ultravioleta, haveria mais de 2 milhões de casos de câncer de pele a mais por ano em todo o mundo até 2030, e que o aquecimento global seria mais acentuado, pois os CFCs também são gases de efeito estufa.

O pesquisador Paul Young, professor de Ciências Atmosféricas e Climáticas na Universidade de Lancaster (Reino Unido), aponta também que as plantas também são danificadas quando expostas a altos níveis de ultravioleta, e com isso perdem capacidade de absorver CO₂. 

Sem o Protocolo de Montreal, ele estima que os níveis de ultravioleta seriam 4,5 vezes maiores no final deste século em relação aos dias de hoje —e que em 2050 os níveis de ultravioleta na Europa, na Ásia e na América do Norte seriam mais altos do que o registrado hoje nos trópicos. “Isso significa que a maior parte do CO₂ que os humanos emitem teria permanecido na atmosfera em vez de ficar preso nas plantas e no solo. E esse CO₂ extra teria levado a mais aquecimento global”, escreve Paul.

Como você pode ajudar

Proteger as florestas é uma maneira de combater o aquecimento global, pois as plantas aprisionam esse gás carbônico que iria para atmosfera. E quem faz pedidos pelo iFood já ajudou a plantar 50 mil mudas de árvores para regenerar a Mata Atlântica em 2022, fazendo doações para a SOS Mata Atlântica sem sair do aplicativo

“Além de promover a recuperação florestal, temos o compromisso público de reduzir em 50% a emissão de gases poluentes das entregas até 2025. Queremos contribuir de diversas formas para combater as mudanças climáticas e ter um mundo mais saudável”, afirma Bruno Pieroni, coordenador de sustentabilidade do iFood.

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