Consumo Consciente: um debate necessário sobre impacto

O Dia do Consumo Consciente propõe reflexão sobre hábitos de consumo e os impactos gerados pelas atitudes do dia a dia.

Você toma um banho, coloca uma roupa nova e sai com o seu carro. Você conseguiria mensurar o impacto de cada uma dessas três ações, tão comuns no dia a dia? E mais, saber, portanto, a importância do consumo consciente?

São pequenos questionamentos, mas carregados de desdobramentos, que permeiam o conceito do consumo consciente. Assim, da água e energia elétrica que usamos em casa, passando pelos produtos que consumimos, como nos deslocamos e o que planejamos comprar.

Comemorado em 15 de outubro, o Dia do Consumo Consciente busca levantar uma reflexão sobre hábitos, enquanto indivíduos e sociedade, e os impactos gerados por eles. Dessa forma, segundo um estudo do Instituto Akatu, organização brasileira referência na área, o assunto já faz parte da conversa entre os brasileiros.

Consumo consciente: a opinião dos consumidores

Primeiramente, na Pesquisa Vida Saudável e Sustentável 2020, promovida pela instituição em parceria com a GlobeScan, 41% dos entrevistados concordaram totalmente com a frase: “Eu quero reduzir muito o impacto que eu tenho no meio ambiente”. Além disso, 68% dos participantes disseram ser uma prioridade “viver de uma maneira que seja boa para você, boa para outras pessoas e boa para o meio ambiente”.

Ainda de acordo com o levantamento, além de estar inserido no contexto individual, o consumo consciente leva a preocupações também sobre as empresas. Dessa forma, mais de 60% dos consumidores esperam que as empresas estabeleçam metas para tornar o mundo melhor, em relação aos colaboradores, produtos e meio ambiente.

“A dica, portanto, para quem busca um consumo mais sustentável é ter curiosidade. Pergunte nas lojas: do que é feito e como foi feito esse produto? Em que condições? Eventualmente, algumas marcas terão respostas”, comenta Lucilene Danciguer, consultora da Reos Partners e diretora da Colabora Moda Sustentável.

Por fim, fundada em 2017, a organização busca articular a mudança deste que é um dos principais setores da economia brasileira. Dessa forma, a plataforma, que conta com o envolvimento de lideranças do setor, marcas, indústria, associações, sindicatos, institutos de ensino, e ONGs, busca pensar o sistema da moda de forma sistêmica.

Eixos de trabalho

Ao todo, são seis os eixos trabalhados para que isso aconteça: Modelo de Negócio; Trabalho e Desigualdade; Meio Ambiente; Cultura e Consumo; Educação, Ciência e Tecnologia; e Políticas Públicas.

“Para o consumidor final, é entender: você precisa mesmo de uma roupa nova? Ela vai durar? Ela vai combinar com muitas outras?”, diz Lucilene sobre pequenos hábitos como esse, que podem ser adotados no dia a dia.

“A roupa mais sustentável é aquela que já existe”, brinca, mas também destaca a importância de repensar o destino dado a cada peça. Afinal de contas, quando se fala em descarte, a indústria da moda é responsável por 92 milhões de toneladas de resíduos ao ano, cerca de 5% dos resíduos sólidos do mundo — como se um caminhão de resíduos têxteis chegasse a aterros ou fosse incinerado por segundo*.

* II Carta: ESG na Moda – O impacto ambiental do que vestimos e calçamos (JPG Asset, 2021) 

Delivery sustentável

Assim, é com o objetivo de reduzir sua pegada ambiental que o iFood anunciou, recentemente, as ações que compõem o programa iFood Regenera, com metas que visam ao delivery com zero impacto ambiental. Portanto, a foodtech, líder na América Latina, pretende, até 2025, acabar com a poluição plástica das suas operações de delivery e tornar-se neutra na emissão de carbono.

“Além de repensar o descarte de resíduos, as iniciativas que implantamos em junho deste ano, no Dia Mundial do Meio Ambiente, já impactam mais de 5 mil pessoas, atualmente”, comenta Camila Borges, do time de Soluções Sustentáveis do iFood.

#DiaLivreDePlástico

A empresa, que assinou um compromisso público com a campanha #DiaLivreDePlástico, organizada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), também conta com Pontos de Entrega Voluntária, os PEV’s. Assim, desde a sua implantação, já acumularam 488 toneladas de resíduos reciclados, nos 76 pontos de coleta espalhados por São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro e Distrito Federal.

Dessa forma, os pontos de entrega e a implantação de máquinas inteligentes (em fase piloto no Espaço do iFood no Parque do Ibirapuera) movimentam também todo o ecossistema. Em PEV’s de São Paulo, por exemplo, uma parceria com a startup Coletando, as coletas acontecem em comunidades em regiões periféricas, em que os moradores são bonificados em dinheiro.

“Além do âmbito ecológico, é trabalhado também o social, que se torna fonte de renda para a comunidade”, aponta Camila. Além disso, segundo ela, a iniciativa gera uma média de renda adicional de até R$ 1.300 por mês aos catadores de material reciclável. Por fim, os moradores da comunidade, que separam os resíduos em suas casas, contam com um valor médio de aproximadamente R$60 por mês.

“Com as bonificações, presentes em todo o sistema dos PEV’s (sejam em dinheiro ou vouchers para uso no iFood), estimula-se a circularidade, que acaba beneficiando toda a cadeia: das cooperativas envolvidas até o usuário – o que vai ao encontro das premissas para o consumo e um futuro mais sustentável”, diz.

 

Para onde aponta o consumo consciente num cenário pós-pandêmico?

No estudo “Consumo Consciente no Brasil”, a consultoria de inovação consciente Mandalah aponta 12 insights para ficar de olho:

1. Necessidade e capacidade de adaptação

A pandemia de Covid-19 impactou o modo como consumir, trabalhar e se locomover, por exemplo, além da forma de se relacionar e se entreter.

2. Retorno à natureza

O trabalho remoto permitiu que mais pessoas aderissem ao perfil de nômade digital, crescendo a busca por roteiros com contemplação do meio ambiente, passeios ao ar livre e destinos isolados.

3. Bem-estar no ambiente doméstico

Novos hábitos e necessidades levaram as pessoas a deixar a casa mais confortável e multifuncional.

4. Faça você mesmo (DIY)

Neste período, cresceram as buscas por reformas e redecorações, aliadas ao interesse por trabalhos manuais e os estímulos de conteúdos compartilhados nas redes sociais.

5. Senso de comunidade

O aumento do desejo de contribuir com o coletivo é reflexo do período. Durante o isolamento social, a maior relação com o entorno fez crescer o consumo de produtos locais e o comércio social.

6. A busca pelo artesanal

O consumidor está mais confiante em produtores locais, nos microempreendedores e micro influenciadores – encurtando a cadeia e na contramão da massificação.

7. Minimalismo como palavra de ordem

Neste período, o indivíduo passou a ressignificar o que é essencial, tomando consciência de que muitos bens materiais são automáticos e entendo como mais importante a valorização de coisas simples, como passear, ver o pôr do sol e ter contato com pessoas.

8. Comer em casa

Além do aumento do delivery de comida, o consumidor tem investido em experiências caseiras. Assim, com o período do isolamento social, cozinhar voltou a ser um hábito rotineiro – além da preocupação com a saúde e o impacto ambiental das embalagens.

9. O aumento das vendas online

Mesmo marcas que não trabalhavam com e-commerce investiram no modelo – muitas chegaram, inclusive, a abrir mão da operação física.

10. Desejo de consumir como válvula de escape

Ponto de atenção, que vai na contramão do consumo consciente. A compra, principalmente online, se tornou uma compensação de desequilíbrios na saúde mental, como consequência das privações da pandemia.

11. Mais saúde, mais bem-estar

Está em alta a busca por cuidados com o corpo, mente e espiritualidade.

12. Preocupação com sustentabilidade e regeneração

Por fim, a pandemia, como fenômeno relacionado aos desequilíbrios da sociedade globalizada contemporânea, fez crescer as preocupações com o futuro do planeta.

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