Metade dos brasileiros com mais de 25 anos (quase 70 milhões de pessoas) não completou o Ensino Médio, revela a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). No iFood, 28% dos entregadores cadastrados na plataforma não têm esse diploma, segundo uma pesquisa realizada pela empresa em 2022.
Para chegar lá, 5.314 entregadores se inscreveram para ganhar uma bolsa para o curso de preparação do programa Meu Diploma do Ensino Médio, realizado em parceria com as plataformas de educação online Descomplica e Termine Seus Estudos.
E agora, neste domingo (28/8), eles estão se preparando para fazer o Encceja (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos), a prova que dá direito ao certificado de conclusão do Ensino Médio.
“Ter o diploma é importante para abrir novas oportunidades, além de representar mais dignidade, aumentar a autoestima e viabilizar o sonho dos que desejam fazer curso universitário ”, diz Luanna Luna, gerente de educação do iFood. “O iFood enxerga que o diploma resgata a confiança e o interesse por essa jornada de conhecimento.”
Tiago Dias, fundador da Termine Seus Estudos, conta que os alunos que estão se preparando para fazer o Encceja têm, em média, 30 anos, pertencem às classes C e D e já estão no mercado trabalhando.
“No Brasil, grande parte deixa a escola no primeiro colegial, na passagem do nono ano para o primeiro colegial, aos 15 ou 16 anos”, conta. “Muitos acabam trabalhando, então deixam a escola para priorizar o salário. Existem também casos de gravidez na adolescência e de jovens que vêm de repetência e abandonam o colégio.”
Os dois caminhos para retomar os estudos
Nessa trajetória, em algum momento da idade adulta eles sentem falta do estudo. “São pessoas ativas economicamente e que entenderam que, sem o diploma do ensino médio, realmente vai ficar muito, muito difícil, alcançarem seus objetivos”, diz Tiago.
É nesse momento que o Meu Diploma do Ensino Médio quer ajudar essas pessoas a retomar os estudos. “Acreditamos que sem educação de base não existe desenvolvimento social nem do país. Por isso queremos ajudar a corrigir esse gap estrutural dando mais oportunidade de desenvolvimento e acesso a uma jornada contínua de educação para os entregadores”, conclui Luanna.
Para Tiago, quem deixou a escola antes de terminar o Ensino Médio hoje tem dois caminhos. “O mais clássico é voltar para a sala de aula, no modelo de educação de jovens e adultos, e cumprir uma carga horária dentro do colégio. Outro é o caminho das provas de certificação, sem obrigatoriedade de frequentar formalmente a escola: você se inscreve para uma prova e tira a certificação, como no Encceja.”
Para ele, o Encceja é mais adequado para jovens adultos do que o Enem, por exemplo. “É uma prova com um número de questões reduzidas. São 30 questões, com apenas 4 alternativas, e não 5. É mais curta, então o jovem ou o adulto que está afastado da escola há muitos anos consegue ler a prova. E existem muitas perguntas de vivência de vida, coisas do dia a dia, experiências reais.”
O segredo para ir bem, revela Tiago, é dominar os conhecimentos básicos. “A prova do Encceja é uma aprovação que não depende de outro resultado, apenas o seu. É uma nota de proficiência, não é uma prova de competição. É uma prova para aferir se os candidatos sabem o básico”, conclui.
