FIPE analisa impactos socioeconômicos do iFood no Brasil

O estudo inédito analisou três importantes dimensões dos impactos socioeconômicos das operações do iFood no Brasil. Saiba mais.

* por Erica Diniz Oliveira, economista-chefe do iFood, e Arthur Fisch, coordenador de Políticas Públicas no iFood

A Nova Economia é um importante motor de desenvolvimento e de transformação para o país. As mudanças trazidas pela incorporação de mais tecnologia aos processos produtivos e de serviço impactam de forma contundente a Economia. Para ter dimensão do real impacto é necessário pesquisas. É com esse objetivo que encomendamos para a Fundação Instituto de Pesquisa Econômicas (Fipe) um estudo sobre o tema.

O estudo inédito analisou três importantes dimensões dos impactos socioeconômicos das operações do iFood no Brasil. A primeira delas foi o impacto sistêmico do iFood na economia brasileira como um todo, com o intuito de identificar a importância socioeconômica do aplicativo e sua cadeia de valor no Brasil. A segunda tinha como foco dimensionar o impacto do iFood para o setor de restaurantes. E por fim, a terceira, tinha como objetivo analisar os entregadores e entender melhor qual a posição da pessoa entregadora do iFood frente ao mercado de trabalho brasileiro.

Foram utilizados dados da operação da plataforma no país, dados oficiais do IBGE e do Ministério do Trabalho, e análises já produzidas pelos pesquisadores da Fundação. Para a primeira análise, foi utilizada a metodologia de insumo-produto. Esta técnica procura mapear a economia nacional como uma série de setores interligados ao mesmo tempo que isola a atuação do iFood. Com isso, é possível estimar os efeitos iniciais, diretos, indiretos e induzidos na cadeia de valor das atividades da iFood em todos os setores da economia.

De modo sucinto, nesta primeira etapa do estudo, na qual consideraram-se os efeitos econômicos do iFood para os entregadores, restaurantes e consumidores, identificou-se que as atividades do iFood foram responsáveis pela geração e movimentação de aproximadamente R$31,8 bilhões do PIB nacional no ano de 2020. A pesquisa também identificou que 730 mil postos de trabalho foram gerados no mesmo ano.

Esta primeira etapa da pesquisa ainda referendou que a atividade de delivery possui diversos encadeamentos, impactando positivamente uma série de outros setores da economia. Com isso, estima-se que, para cada R$1.000 gastos a partir da plataforma do iFood, são gerados outros R$1.414 na economia brasileira; a cada 100 empregos diretos criados pelo iFood, outros 60 são gerados em outros setores; e a cada R$100 arrecadado em impostos pelas atividades do iFood, outros R$111 são arrecadados em sua cadeia (ICMS, IPI, ISS e outros).

Os setores mais impactados pela atuação do iFood são o de alimentação, os próprios entregadores, o comércio atacado, a pecuária e a agricultura, o que mostra que os efeitos dos pedidos na plataforma afetam múltiplos setores.

Entregadores parceiros do iFood

O estudo voltou-se também especificamente para os entregadores parceiros da plataforma do iFood, com o intuito de identificar o perfil desses trabalhadores, a remuneração frente a outras ocupações e características regionais do mercado de trabalho. A intenção era entender melhor como a remuneração na gig economy se compara com a dos empregos tradicionais.

O estudo é importante para avançar no entendimento do trabalho de plataformas e colaborar para a formulação de políticas para o setor.

A metodologia adotada nesta etapa foram técnicas econométricas a partir de dados públicos e da empresa para identificar padrões relacionados aos entregadores.

Um primeiro resultado importante é o de que, se considerarmos o período efetivamente gasto nas entregas, os ganhos médios por hora trabalhada no iFood são equivalentes a 165,5% da remuneração por hora que esses trabalhadores teriam em relação a trabalhadores semelhantes em postos tradicionais no mercado de trabalho.

O estudo também revela que disparidades existentes no mercado tradicional de trabalho (diferença salarial de gênero e de raça) desaparecem na base de entregadores parceiros do iFood. Encontramos no mercado de trabalho tradicional um diferencial de salário significativo de gênero e raça, com mulheres e não-brancos recebendo uma remuneração média inferior à remuneração dos trabalhadores homens e brancos com características observáveis equivalentes. Já na plataforma do iFood, a remuneração dos trabalhadores não possui diferenças significativas com relação ao gênero e à raça dos entregadores. Tal resultado sugere que o pagamento dos entregadores na plataforma é neutro com relação a características usualmente sujeitas a discriminação no mercado de trabalho. Esse é um importante resultado da atuação da gig economy sobre desigualdades sociais.

Restaurantes parceiros do iFood

Com relação às análises que tinham por objetivo avaliar o possível efeito da plataforma de entrega sobre a atividade de restaurantes, identificou-se que os restaurantes que aderiram à plataforma apresentaram um número médio de empregados maior do que aqueles que nunca aderiram (11 contra 14) e que a adesão ao iFood também gerou aumento sobre o salário médio dos empregados. Em outras palavras, o volume de empregos em restaurantes nas áreas é tanto maior quanto mais intensa a participação de restaurantes iFood nelas.

Também observou-se que a presença de restaurantes parceiros do iFood nas áreas geográficas está associada a uma redução na velocidade de perda de emprego do setor como um todo nas áreas das cidades grandes e a um ganho adicional de emprego nas cidades médias e pequenas. Isso é indicativo do impacto positivo que o iFood tem no setor de bares e restaurantes.

Observou-se também que a presença de restaurantes parceiros do iFood afeta o aparecimento de novos restaurantes nas áreas e que o volume de ativações é influenciado positivamente pela fração dos restaurantes no iFood já presente na região, de modo que quanto maior a presença de restaurantes cadastrados na plataforma iFood nas áreas, maior a taxa de crescimento no número de ativações de restaurantes nos 12 meses seguintes. Ou seja, os resultados indicam um efeito positivo da presença de restaurantes parceiros do iFood nas ativações acumuladas nos 12 meses subsequentes, tanto sobre o volume de ativações de novos restaurantes quanto sobre a taxa de crescimento dessas ativações.

Impactos positivos

O estudo desenvolvido com a FIPE foi pioneiro, pois foi o primeiro a utilizar metodologia robusta para estimar os impactos econômicos de uma plataforma de delivery com o iFood na economia brasileira. Os resultados indicam que a presença de plataformas é positiva para os negócios e contribui para o desenvolvimento econômico. Diante desse cenário, é preciso ainda mais pesquisas. As plataformas de intermediação digital são algo novo e que precisa ser analisada a partir de fatos e dados. Somente assim, será possível construir políticas públicas que façam sentido.

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