COP27 discute combate às mudanças climáticas e à fome

Pela primeira vez na história, o combate ao desperdício de alimentos é um dos temas principais da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que acontece no Egito

Entre os dias 6 e 18 de novembro, lideranças do mundo inteiro se reúnem no balneário de Sharm el-Sheikh, no Egito, para a COP27, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas. No evento, as discussões serão sobre como efetivamente realizar as metas ambientais definidas em acordos anteriores, como a COP-26.

Nesta edição, uma novidade: o encontro dará destaque especial ao fomento de ações de mitigação do desperdício de alimentos. A COP27 será a primeira conferência da ONU para o clima que contará com um pavilhão dedicado aos sistemas alimentares.

Uma coalizão global chamada “Food is never waste” visará ao maior engajamento de empresas, cidades e países para atingir a meta de redução de perdas e desperdício de alimentos em 50% até 2030. Esse, por sinal, foi definido como o ODS (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável) 12.3 da ONU.

Alinhado com esse movimento, o iFood acaba de celebrar o primeiro ano do Todos à Mesa, uma coalizão de 15 empresas que já doou 6.000 toneladas de alimentos que seriam descartados (mas são próprios para o consumo humano).

Na COP27, o Food Systems Pavillion concentrará ações, estratégias e soluções práticas para que toda a cadeia de valor de alimentos acelere sua transição para um modelo mais sustentável e de baixa emissão de gases poluentes.

Financiamento para combater as mudanças climáticas

Acelerar transições, aliás, deve ser um dos pontos centrais dos debates da COP27. A grande preocupação é que apenas 26 dos 193 países que aderiram ao Acordo de Paris atualizaram suas metas de redução de gases de efeito estufa desde a COP-26.

Segundo avaliação da ONU, essa evolução é insuficiente para evitar um aquecimento global considerado “catastrófico” até 2030. A organização pressiona as lideranças dos países para que acelerem a implementação de estratégias para reduzir emissões e evitar um aumento na temperatura média global de 2,5ºC até o final do século.

Um dos tópicos que exigem atenção é o do financiamento climático. Em 2009, os países desenvolvidos se comprometeram a mobilizar US$ 100 bilhões por ano para ajudar as nações em desenvolvimento em suas ações climáticas.

No entanto, em 2020 esse montante ficou abaixo do previsto: US$ 83,3 bilhões. Muitos países têm encontrado dificuldades para monitorar suas emissões de carbono, e isso também assusta os organizadores da COP27.

O cenário do controle de emissões também foi abalado pela crise de energia desencadeada com a invasão da Ucrânia pela Rússia. Com a escassez no fornecimento de gás natural decorrente do conflito, muitos países passaram a investir em infraestrutura para os suprimentos de combustíveis fósseis, constituindo um retrocesso em seus compromissos ambientais.

A COP27 promete ainda mobilizar a criação de mecanismos  financeiros específicos de perdas e danos. Trata-se de alocação de recursos para sociedades vulneráveis se reconstruírem a partir de eventos extremos como ondas de calor, secas e ciclones, bem como mudanças relacionadas ao aumento do nível do mar e diminuição das geleiras.

Em relação a essa demanda, especialistas de organizações da sociedade civil argumentam que o financiamento já existente é insuficiente para esses fins, sendo necessários recursos específicos e financiamento adicional para adaptação, ajuda humanitária e assistência ao desenvolvimento.

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