O que é o apagão tecnológico — e como reverter esse cenário

A falta de profissionais formados em tecnologia está causando um apagão tecnológico no Brasil —saiba mais sobre o problema e como ele pode ser resolvido.

Falta de profissionais da área de tecnologia se agravou depois da pandemia

Hoje, mais de 100 mil vagas de emprego estão abertas na área de tecnologia e não são preenchidas. Nesse ritmo, o país pode chegar a 2025 com um déficit acumulado de 797 mil profissionais, indica o último estudo da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais), divulgado em dezembro de 2021.

Esse cenário tem sido chamado de “apagão tecnológico”, e sua principal causa é a grande diferença entre o número de pessoas formadas em cursos de tecnologia (53 mil por ano, segundo a Brasscom) e a demanda por profissionais no mercado (159 mil por ano).

“Antes de 2020, o setor previa uma necessidade de 250 mil profissionais até 2024. Depois da pandemia de Covid-19, o problema ganhou uma escala muito maior”, avalia Ítalo Nogueira, presidente da Assespro (Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação). “Nosso maior desafio é formar mão de obra para não ficar ainda mais atrás na corrida da inovação e do desenvolvimento tecnológico.”

Ele explica que a pandemia acelerou a digitalização das empresas, aumentando a demanda por mão de obra. Ao mesmo tempo, esses profissionais passaram a trabalhar em casa e, com a valorização do dólar, trocaram os empregos nacionais pelo trabalho para empresas estrangeiras, atraídos por salários iniciais na casa de US$ 2.000 (no Brasil, a remuneração média do setor de serviços de Tecnologia da Informação e Comunicação é de R$ 5.028, segundo a Brasscom).

“As empresas de tecnologia oferecem alta remuneração, em média, 2,5 vezes maior do que a média salarial do Brasil. Mesmo assim, vários profissionais têm optado por trabalhar para empresas internacionais”, concorda Gustavo Caetano, CEO da Sambatech (edtech de soluções para instituições de ensino, cursos livres, preparatórios e empresas).

“A escassez enorme de mão de obra dificulta a transformação digital de negócios de todas as áreas. Não só as empresas do setor de tecnologia sofrerão, mas também todos os negócios que precisem do digital, de alguma forma, para crescer”, completa Gustavo.

Educação para a tecnologia

Ítalo ressalta que o apagão tecnológico, hoje, é muito mais crítico na área de desenvolvimento de sistemas. “Isso vale para todas as esferas, seja entre desenvolvedores, analistas, na área de testes, nas pessoas que trabalham com plataformas digitais”, completa.

Para ele, a resposta a esse problema é o investimento em educação —desde a básica, para que os jovens tenham uma formação melhor em português, matemática e lógica, até a formação profissional especializada em tecnologia.

“As empresas, em parceria com os governos, já estão fazendo parcerias para avançar nesse campo e incluir mais mulheres e jovens nesse mercado”, diz. “Minha visão de médio e longo prazo é otimista: quando essas formações começarem a dar resultado, conseguirmos, em cinco ou seis anos, ao menos empatar o jogo e não ter esse déficit que vemos hoje.”

Em sua frente de educação, o iFood quer contribuir para reverter esse quadro com iniciativas como o Potência Tech (plataforma que dá acesso a cursos e vagas em tecnologia), o iFood Decola (plataforma de cursos para os parceiros entregadores), o iLab (que “acelera” profissionais para atuar na área de tecnologia) e o itinerário formativo do novo ensino médio (que coloca a tecnologia na trilha de conhecimento dos estudantes).

Com essas e outras ações, a foodech tem a meta de, até 2025, formar e empregar 25 mil pessoas de públicos sub-representados em tecnologia, capacitar mais de 5 milhões de pessoas para o trabalho do futuro e empreendedorismo e impactar 5 milhões de estudantes desenvolvendo e fomentando o ensino de Matemática, Ciências, Engenharia e Tecnologia na rede pública de ensino.

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